DANILO AUGUSTO : Técnico talento.

Danilo Augusto
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Em 1995, fui convidado para ser Diretor de Futebol do Fortaleza E.C. pelo então Presidente Fernando Silva. Ao assumir o treinador era César Morais conhecido por Guri. Clube de futebol os setores devem funcionar como uma engrenagem de uma máquina de automóvel. Não que o César  fosse um treinador fraco,mas eu queria ver o time do Fortaleza passando por cima dos adversários.  A torcida não perdoava erros. Por várias vezes fiz ver ao Presidente Fernando Silva que o time estava caindo pelas tabelas e não teria como fazer um bom campeonato. Tanto o Presidente como alguns conselheiros queriam a manutenção do treinador. Mas em dia de pouca sorte o estádio Presidente Vargas lotado o Fortaleza levou um passeio do Ferroviário. Um placar massacrante: 4 x 1 . Não sei a razão mas a torcida comandada por um conselheiro gritava: " fora Leví" Afinal, eu não havia contratado o treinador. Sai do estádio escoltado por 9 policiais. No dia seguinte, segunda-feira, quando todos pensavam que eu iria jogar a toalha, falei com o Presidente a necessidade de despedir o treinador. O Fernando Silva relutou e à tarde me perguntou qual seria o indicado. Respondi: chama-se Danilo Augusto. Ele deu uma tragada no seu cigarro e disse: " você ficou maluco!" Então eu disse que com César Morais eu não trabalhava. No dia seguinte às sete da manhã Danilo Augusto assumiu e nos deu 14 vitórias seguidas. A contratação de Danilo foi importante porque tanto o Presidente como eu estávamos correndo risco de vida. A torcida do Leão é muito exigente. Hoje entendo que a indicação do Danilo Augusto foi um desafio e veio me provar que eu entendia um pouco de futebol.Afinal, Danilo não havia treinado,aos 38 anos de idade, nenhum clube profissional. Sempre fora campeão pelo Ferroviário AC e o Tocantins nas categorias de base. 

Para quem gosta de histórias do futebol vale à pena acessar o site do Danilo para constatar que se trata de um dos maiores treinadores de futebol que já conheci no meus 37 anos de futebol. Lamentavelmente, Danilo Augusto na minha opinião é o melhor treinador de futebol do Nordeste mas nunca mais foi reconhecido pelos próprios clubes do Estado do Ceará onde nasceu. São coisas que somente DEUS explica.Trata-se de um profissional sem vícios e aplicado em tudo que faz desde quando nos encantava jogando pelo Ferroviário, Fortaleza e outros clubes brasileiros. Eu continuo apostando no Danilo Augusto!

Depois de assumir o Fortaleza EC em momento de turbulência, Danilo Augusto conseguiu ser o personagem principal na coluna do grande jornalista cearense Alan Neto conhecido por ser muito exigente e não elogia de graça. 

O POVO 27 DE JUNHO DE 1995 – FORTALEZA – CE ALAN NETO CONFIDENCIAL BATISMO DE FOGO 1. A humilhante goleada aplicada pelo Fortaleza, em cima do Ceará, revela duas grandes verdades. Número um: o tricolor, para deslanchar, precisa, apenas recompor sua meia cancha. A chegada de Mastrillo, o líder que faltava, e a descoberta do jovem João Melo com seu futebol lúcido, fluiu, finalmente, a criatividade de que tanto o time carecia. 2. A outra verdade, esta a mais cristalina de todas: o Ceará continua sem time para impor-se a um adversário mais forte e principalmente que transmita à sua imensa torcida a imprescindível credibilidade. O que ai está, perambulando no atual campeonato, não passa de uma caricatura malfeita. Como time de futebol, é uma piada sem graça. 3. Qual terá sido a influência do jovem treinador Danilo Augusto, neste seu batismo de fogo, ao pegar Fortaleza atolado em crise técnica, financeira e administrativa? Fico coma opinião do veterano e calejado goleador Washington: “O Danilo tem um jeito muito especial de dizer as coisas, implantar as suas idéias, conversando e ouvindo, acatando opiniões, estabelecendo entre nós uma parceria e uma cumplicidade. Todos falando a mesma linguagem as coisas se tornam bem mãos fáceis de ser entendida”. Os números não mentem: três jogos, três vitórias, uma das quais de goleada, logo em cima do Ceará, Danilo deixou de ser uma ilusão e uma quimera para ser uma realidade plena. 4. Neste episódio da marcação do jogo para domingo, às 16 horas, enfrentando a devastadora concorrência da televisão, ficou patenteada a inexistência de uma liderança firme e forte dos clubes. Cabia a Ceará e Fortaleza, na base do comum acordo, escolherem a melhor data e levarem para a FCF, apenas, referendar. Não o fizeram. Simplesmente entregaram o problema para a FCF resolver a sua maneira e assim foi feito. Só que a mentora não teve, sequer, a sensibilidade de ouvir os apelos dos torcedores que clamavam, no microfone da vida para que marcassem o clássico para o sábado à tarde. Resumo da ópera: já não se fazem cartolas sensatos, sensíveis e coerentes, como antigamente. E quem não ouve o povo, toma pancada, ou pior, toma prejuízo.