Alfredo Pinto Junior / Arte de Descrever

Fortaleza/Ceará - Estava no restaurante esperando a minha sopa que sempre tomo à noite, quando vi um rapaz com vários exemplares de um livro nas mãos. Veio ao meu encontro e não lhe dei muita atenção. Pensava ser mais um daqueles "malas" que ficam perturbando. Mas, fiquei observando e vi várias pessoas lhe entregando notas de dinheiro. Fiz um sinal e ele veio até a minha mesa. Perguntei quem era o autor. Ele respondeu que era o próprio. Em segundos, folheando o livro do Alfredo Pinto Junior,voltei o tempo e me deparei vendendo os meus primeiros exemplares dos meus livros de porta em porta. Tirei o valor do exemplar da carteira e pedi que autografasse. Senti a alegria do jovem autor. Era a minha alegria de anos atrás. Ele agradeceu e lhe disse: eu também já passei por momentos iguais. Na mesma noite, li o livro. Gostei da maneira simples que escreve. 

Uma verdade, no Brasil a literatura não é valorizada.Aliás, a cultura não é valorizada. O povo não gosta de ler e são poucos os iniciantes na literatura que vingam. Escrevi seis livros, inclusive alguns com várias edições, mas não me considero escritor. Sim, mesmo que todos estejam registrados na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro,espalhados por bibliotecas nacionais e internacionais, não tive tempo e dinheiro para correr atrás da mídia e me tornar um escritor.Outra verdade, no Brasil você só é considerado escritor quando consegue um pequeno espaço nas emissoras de televisões. Conheço pessoas que compram exemplares de autores e nem abrem a página do prefácio. O charme é deixar o livro às vistas das visitas para enganar que são leitores de autores conhecidos. Poucos leitores sabem que muitos escritores "famosos" iniciam uma história e outra pessoa termina. 

Bom, espero que o Paraibano Alfredo Pinto Junior tenha bastante sorte e que nunca necessite comprar espaços na mídia para se tornar um escritor conhecido. Plim , Plim , Plim