Recordando

sábado, 26 de outubro de 2013

FUTEBOL CEARENSE CONTINUA AFUNDANDO.

O Ceará Sporting Club e o Fortaleza Espore Clube continuam nas mãos de pessoas boas, honestas, mas despreparadas para soerguerem o futebol alencarino. Não, não mil vezes não, futebol não se ganha só porque tem folhas de talões de cheques. Voltemos o tempo, vamos encontrar a história dos dirigentes de futebol carioca Castor de Andrade e Emil Pinheiro. Todos dois conhecidíssimos, nas suas épocas, como os maiores bicheiros do Brasil. O primeiro Presidente do Bangu Atlético Clube e o segundo do Botafogo Futebol e Regatas. As carradas de dinheiro dos dois só serviram para conquistarem dois títulos carioca. O Castor, com dinheiro saindo pelo ladrão, pagava "bicho" (gratificação) até por gols em treinos. Os melhores jogadores poderiam ser transferidos para Moça Bonita. E o Emil Pinheiro não ficava atrás. Então, nos dias de hoje, criou-se no futebol cearense uma balela de que para ser Presidente das duas maiores forças - Fortaleza e Ceará - principalmente o Presidente tem que ter dinheiro. O que se vê no momento crucial é que o Icasa da Terra de Padre Cícero tem a menor folha de pagamento e tem amplas possibilidades de se classificar para passar para a primeira divisão. Enquanto os dirigentes Leoninos continuam contando estória (sem "h") de que Presidente tem que ter dinheiro. Estou há quarenta anos no futebol e nunca vi dirigente colocar dinheiro em clube.Excetuando clubes amadores. O que acontece, como foi com Castor de Andrade - pessoa que fui assessor nos assuntos esportivos quanto à regulamentação e transferências de jogadores - e Emil Pinheiro que precisam tá na cara, de dar uma "mexida" nas suas economias.



Fortaleza e Ceará tiveram grandes presidentes que administraram os seus respectivos clubes com a força de suas torcidas.O torcedor é quem manda e é ele que banca um bom time.Mas, precisa saber montar um bom time.Todo clube profissional devia publicar o balanço mensal. O torcedor paga e deve exigir transparência.Afinal, ele é o cliente e que merece todo o respeito.Eis porque defendo a tese de que todos da Diretoria deveria ser bem remunerados. Um clube sério tem que exigir de seus diretores,no mínimo, oito horas por dia. Impossível continuar aceitando Diretores e Presidente que aparecem no clube para reuniões após as vinte horas. Claro está, nunca veremos as suas empresas se afundarem. Vocês já viram,caros leitores, ao final de ano um Presidente de clube chorar porque a sua empresa faliu? Não,pelo contrário, ouvindo uma emissora cearense um ex-presidente do Fortaleza respondeu ao radialista: " Não,por agora não quero voltar a ser presidente porque primeiro tenho dar continuidade ao sucesso das minhas empresas com as diversas construções que estou fazendo". Ora, o que ele respondeu: " por agora não quero..." . O que demonstra a tranquilidade em voltar mesmo tendo fracassado na sua administração clubística. 
O Fortaleza, em 1983, tinha como Presidente um Senhor simples chamado Nilton. O seu patrimônio era um restaurante. Entretanto, ele tinha a humildade de ouvir as pessoas e colocou ao seu lado o saudoso Ney Rebouças. E o "galego”, como era conhecido o Ney, sabia também escolher as pessoas certas para desenvolver o trabalho que era conquistar o bicampeonato cearense. Foi ao Rio de Janeiro e me contratou e no Ceará contratou Hamilton Araújo. Pronto, o time que jogaria fora das quatro linhas estava formado por: Nilton, Ney Rebouças, Leví Lafetá e Hamilton Araújo. O galego me desafiou para que montasse uma equipe sem contratar muitos e ganhasse o título. O Hamilton Araújo ficava na parte administrativa dando uma cobertura perfeita. Então, contratei o treinador Paulo Emílio, o Preparador Físico Haroldo Ledo. Todos dois de nível alto dentro do futebol. Os jogadores contratados foram: Tadeu (Fluminense), Wescley, Edson, Serginho (todos do Botafogo), Luizinho das Arábias (Campo Grande-RJ) e Urigueler (Grêmio-RS). Durante o campeonato o Urigueler se desentendeu com o Ney. Era a estrela maior e considerado o entortador. Tivemos sorte e trocamos o Urigueler pelo Marquinhos do Vasco que tinha acabado de vestir a camisa da Seleção Brasileira. E mais tarde, depois do campeonato, o Luizinho das Arábias foi transferido para o Bangu e com o dinheiro contratei o Wagner do Palmeiras. Resultado: fomos bicampeões aproveitando jogadores do Estado e principalmente das categorias de base do tricolor de aço. 
Em 1991, novamente fui chamado por Ney Rebouças. E contratamos: Rui Guimarães (treinador que havia acabado de treinar o Cruzeiro - MG, Paulo Sérgio, Carlos Alberto, Osmar (todos do América do Rio), Mirandinha (Corinthians Paulista), Josimar (ex-seleção brasileira), João Cláudio (Bangu AC-Rio de Janeiro) e Heider (Cruzeiro)). Mais uma vez aproveitamos jogadores cearenses e da base como Eliezer, Silvio, Expedito e outros. Nenhum jogador pertencia a empresários de futebol. Íamos diretamente falar com os presidentes dos clubes. E o bicampeonato veio. Sim, ia me esquecendo do principal de lhes dizer, leitores amigos, que o Presidente foi o saudoso Dr. Mulatinho pessoa organizada e que exercia a advocacia. 
Um detalhe importante, o Mirandinha estava insatisfeito no Corinthians e conseguimos o empréstimo com o falecido Vicente Mateus. E o interessante é que o Fortaleza não tinha dinheiro para pagar o empréstimo. Conversamos e ,caso inédito, o Mirandinha ainda vinculado ao Corinthians foi liberado para fazer um amistoso no Presidente Vargas e o arrecadado foi o suficiente para pagar o empréstimo. A seguir, o seu contrato foi feito de uma forma onde entrou o torcedor Mirandinha que aceitou receber salários e mais um percentual nos jogos que participasse. 
Em 1993 - Os Senhores Paulo Magalhães e Flávio Novaes foram ao meu encontro no Rio de Janeiro e me pediram uma estrela. Indiquei o maravilhoso atacante Elói que encheu de alegria os corações tricolores.

Em 1995 - Fernando Silva, ao se candidatar à Presidência do Fortaleza, declarou que se ganhasse eu voltaria a ajudar o Fortaleza. Ganhou as eleições e fui contratado pelo próprio Fernando Silva. Este sim colocou dinheiro no clube e nunca pediu nada de volta. Forças ocultas não o deixaram terminar o mandato. Pessoas que esperaram a recuperação do clube, dentro e fora do gramado, para darem o golpe na calada da noite. Fatos curiosos aconteceram no mandato do Fernando. O atacante Washington - aquele que jogou no Fluminense - foi imposto por um Conselheiro e o seu contrato foi assinado em cima de um automóvel estacionado em frente a um restaurante. Comemorou-se em seguida com muita bebida e muita comida. Belo exemplo! Esse mesmo Conselheiro, me contrariando , contratou César Morais para treinador. O "Guri" não estava bem de saúde e não desempenhava bem o seu papel. Perdemos para o Ferroviário por 3 x 1 e a torcida incitada por outro Conselheiro passou a gritar "fora Levi". Sai do estádio protegido por 12 policiais. Na segunda feira, levei cusparada no rosto. Fui ao encontro do Fernando Silva e disse: Tira o César e contrate Danilo Augusto (o baratinha). Fernando respondeu: Você quer que a torcida nos enforque? Eu disse tem que resolver logo, porque quinta já tem jogo. Ele acreditou e foi a maior prova que tive não ser cego em futebol. Tirei Danilo - um dos melhores treinadores que conheci de perto - das categorias de base do Ferroviário e com ele ficamos invictos 17 partidas. E contratamos dois jogadores de nomes: Vivinho (Vasco) e Willian (goleiro do Botafogo). O elenco com mais de 25 jogadores. Os cearenses tiveram vez. 
Faço parte daqueles torcedores que torcem por um clube no seu estado e tem outro no eixo Rio-São Paulo. Além de torcedor do Vasco, torço e sou sócio do Fortaleza Esporte Clube. E todas as vezes que fui convocado para dar títulos ao Leão quem me pagou foi Ney Rebouças e Fernando Silva. Nunca recebi um centavo do Leão do Pici. 

Infelizmente, não vejo com bons olhos o futebol cearense para os próximos três anos, se continuarem dizendo que para ser Presidente precisa ser rico. Afirmo, nos dias de hoje é muito mais fácil montar um bom time para ganhar títulos e não passar o vexame diante de 55 mil torcedores. 




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