UM
HOMEM NUM LEITO DE HOSPITAL Estava na rotina de minha vida, Trabalhando e
vivendo normalmente. Agora estou aqui, nesta cama de hospital, Esperando,
deitado, a morte iminente. Tinha tudo, casa, comida e lazer, Mas o
essencial, escapou-me por inteiro, Em poucos momentos da minha existência,
Lembrei-me que tudo era passageiro. Agora a angústia vem para ficar, E quero
minha vida de volta, Às vezes me pego a chorar, Me remoendo na revolta. Sei que
não aproveitei a vida, Da forma como gostaria, Se pudesse voltar no tempo, Até
na árvore eu subiria. Queria fazer tanto e nada fiz, Me fingindo de sério e
correto, Mas acredite, não aproveitar a vida, Só te deixa incompleto. Quero
rolar na grama, Mergulhar no rio, Me sujar na lama, E aceitar o desafio. Quero
ficar com meus pais, Curtir a família e a natureza, E agora estou paralisado,
Preso num leito de tristeza. Não entendi como a vida é simples, Para quem não
se prende ao superficial Se soubesse o quanto era feliz, Quando cultivava meu
quintal, E contemplava com naturalidade, O alvorecer matinal. Agora tudo mudou,
E não posso sequer me mexer, Apenas movimentos com a boca, Eu posso levemente
fazer. Mas espere, ainda posso falar… Mexer a boca devagar, Quero aproveitar
esse momento, E falar de sentimento. Posso dizer a meus entes queridos, O
quanto sempre os amei, Pois durante toda a minha vida, O amor eu nunca
declarei. Sinto-me estranho, estou com frio, E me sentindo leve… Agora percebo,
estou morto, E tive uma existência breve. Nem sequer pude falar, À minha
família o quanto os amei, Perdi mais esta oportunidade, Algo que, em minha
vida, nunca tentei. Vejo minha vida apenas num segundo, Tudo um desperdício,
nada foi profundo, Agora compreendo claramente como as coisas são, O que vale,
de verdade, é a pureza de intenção. Minha fé foi uma mentira, Uma máscara
social, Devia ter sido eu mesmo, Bastava apenas ser natural. Agora vejo
claramente, Que a vida não se desperdiça, Perdi tudo de mais precioso,
Mergulhando no fútil e na cobiça. Deixo, portanto, essa mensagem a você, Que
ainda está vivo e consciente, Não esqueça de valorizar as coisas pequenas, Pois
a vida é um presente. Viva e deixe viver… Sem te preocupares com a aparência,
Acredite, quando tudo perecer, Só lhe resta a consciência. Valorize as coisas
simples, Isso sim tem importância, Não deseje os prazeres quiméricos, De quem
vive na extravagância. Não inveje uma pessoa, Que vive na ignorância, Mas
também não a condene, Cultive a tolerância. Com o avançar da idade, É essencial
a humildade. Esqueça a ganância, Tudo isso é arrogância. Deixe de lado a
vaidade, E cultive a caridade. Se alguém te agredir, Ofereça uma flor, Algumas
pessoas desconhecem, O benefício que traz o amor. Assim, construa uma obra que
sobreviva, E esteja pautada no bem, Para que a semente cresça em cada um,
Agora, e no futuro também. Autor: Hugo Lapa Para receber as nossas mensagens
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