É tarde, quase meia noite, eu vagava pela rua.Volto para casa. Foi uma
noite cansativa! Andei pensando no passado, no presente e no futuro. Ao
chegar,tudo é silencio.Abro a porta do edifício,acendo a luz do enorme
corredor e ando com sacrifício. O corredor torna-se maior. Depois de alguns
minutos chego ao meu apartamento e a luz apaga. Com o automático se
restabelece. Apanho as chaves no bolso e tremulo abro a porta. A tremura: uma
pequena amostra de sofrimento. Primeiramente avisto a minha querida mesa de trabalho,
onde faço até um simples cabeçalho. Sento-me em sua cadeira, olhos os livros e
começo a lembrar. Quanta saudade sinto! Abro um por um. Encontro um – escrito
por mim – que mais chama a atenção. São poesias que há muito escrevi. A musa
não mais existe. Elas foram tiradas do fundo do coração em desabafos. Nessa
gaveta à esquerda encontro velhas cartas. Olho-as demoradamente,ás vezes
encontro duplicatas.As mulheres vivem e enganam igualmente e nós
homens...pobres animais! Até as mesmas palavras, o mesmo sentido, remetentes diferentes.
Estas coincidências me apavoravam. Os calos não ardem mais, já sei onde ponho os pés. Quando acontece,eu rio.Olho o relógio.Oh! Já é tarde, quase amanhecendo.
Preciso me arrumar para dormir e continuar na luta.
(Do livro FRAGMENTOS, de Leví Lafetá - Edição 1968)
(Do livro FRAGMENTOS, de Leví Lafetá - Edição 1968)
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